Revista Fotoptica Nº 41 - 1970 Biblioteca de Fotografia do IMS - Coleção Thomaz Farkas

Nasci na Inglaterra em 1931. Até os 15 anos de Idade mudei muito de pais, vivendo as mais variadas realidades: Dinamarca, Argentina, Suiça, Esta ­ dos Unidos. Aos 18 anos comecei a estudar pintura — minha mãe, aliás, é a pintora Sheila Brannigan. Estudei pintura com André Lhoto, em Paris (1954-1955) e no Art Students League de Nova Iorque (1955-1956). De repen ­ te, a fotografia, seguramente por causa da necessidade de uma ligação mais direta com o mundo e as pessoas, certamente, também, pelo dinamismo da coisa em si, no meu caso mais atraente que a introspeção e o seden ­ tarismo exigidos pela pintura. Na fotografia, escolhi imediatamente a linha documental, fazendo trabalhos de levantamento social na Venezuela e nos Estados Unidos. Vim para o Brasil, pela primeira vez. em 1952. Aqui fiquei dois anos, voltando novamente em 1957, então para morar definitivamente e definitivamente me entregar à profissão De 1957 a 1959 me dediquei ape­ nas à pesquisa da fotografia, e só ao fim dêsses dois anos é que fui pene­ trando lentamente no meio profissional. Fiz vários trabalhos ligados a teatro, tanto na parte documental como na da própria cenografia, e mais tarde pas ­ sei para a imprensa, fazendo reportagens principalmente para as revistas Quatro Rodas e Realidade. Fui colaboradora, também, embora em menor esca ­ la, da revista suiço-alemã “ Du" e tive meus trabalhos expostos no Museu de Arte de São Paulo. E, 1967, daria início ao trabalho que resultou no livro “ A João Guimarães Rosa". Foram cinco viagens pelo Norte de Minas Gerais, ao fim das quais, em junho de 1969, o livro foi publicado. Como seqüência dêsse trabalho, a partir de uma idéia do diretor cinematográfico Roberto San ­ tos, fiz em conjunto com Marcelo Tassara um filme-documentário , onde mi ­ nha parte foram as imagens fotográficas e a escolha de texto baseada no livro de Guimarães Rosa, "Grande Sertão Veredas ” (o filme ganhou os Gran ­ des Prêmios de Brasília e de Manaus, em 1969). Atualmente, estou traba ­ lhando numa segunda experiência dêsse tipo — fotografias a partir da obra de um romancista: “ O mundo de Jorge Amado". Ao mesmo tempo, nas horas livres, continuo um trabalho a que dei o título de "Luz e Trevas" e que tentará ser a documentação de muitas realidades brasileiras. Realidades que estão se modificando com tremenda rapidez, o que me faz sentir uma certa urgência em relação a êle. MAUREEN BISILLIAT AS FOTOGRAFIAS AQUI REPRODUZIDAS FORAM REALIZADAS POR MAUREEN (QUANDO A SERVIÇO DA REVISTA REALIDADE) NA ALDEIA DE LIVRAMENTO. A 20 QUILÔMETROS DE JOÃO PESSOA. CAPITAL DA PARAÍBA. EM LIVRAMENTO, UMA POPULAÇÃO DE QUASE MIL PESSOAS VIVE EXCLUS1VAMENTE DA CAÇA AO CARANGUEJO. MAUREEN UTILIZOU NESTE TRABALHO UMA LENTE DE 50 mm SUMMICRON 1:2; UMA LEICA M3 (ROUPAS E PARTES DOS CORPOS): E UMA GRANDE ANGULAR 25 mm f. 3:5, CANON 7 (CENAS A CURTA DISTANCIA). 13

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