Revista Fotoptica Nº 85 - 1978 Biblioteca de Fotografia do IMS - Coleção Thomaz Farkas

SUPER 8 QUATRO REALIZADORES FALAM DO SUPER 8: FLAVIO, SAB I NO, ISAY E MÁRCIO Um estúdio pequeno e bem apare ­ lhado: aí, Flavio de l Carlo, 22 anos, um desenhista de talento, cria seus trabalhos. Em Super 8, gosta de fa ­ zer animação. Já participou de vários festivais, mas sempre com desenhos animados. A participação de Flavio em festi ­ vais de cinema tem um motivo mui ­ to especial: é a única oportunidade de veicular seu trabalho. É que “ os realizadores de Super 8 ainda não têm onde mostrar seus filmes ” . Mas, como um dos diretores da ARES-8, Flavio ainda pretende ver o Super 8 em outros locais. “ Nos festivais, o público em sua maior parte é consti ­ tuído por parentes dos realizadores. ” O Super 8, para Flavio, não é ape ­ nas um hobby. Ao contrário, ele tem preocupações profissionais. O filme que preparou este ano para o VI Fes ­ tival é um desenho animado que pre ­ tende transferir para uma bitola maior e, se possível, exibi-lo profis ­ sionalmente. Para se ter uma idéia de seu trabalho (que lhe ocupa mui ­ tas horas diárias), neste desenho “ Veneta ” , ele precisou elaborar cer ­ ca de 2.500 pranchas para produzir um filme de apenas oito minutos! Atualmente, Flavio está entusias ­ mado com a recém-criada ARES-8 (Associação Paulista dos Realizado ­ res de Cinema Super 8) e que tem como um de seus objetivos lutar pe ­ la profissionalização do Super 8. Profissionalmente, Antônio Sabino de Souza é publicitário. Nas horas vagas, é um dos entusiastas do Su ­ per 8. Ele começou a se interessar pelo Super 8 há mais ou menos dez anos, época em que essa bitola ainda en ­ gatinhava no Brasil. Tinha uma pe ­ quena agência de publicidade e co ­ meçou a sentir que havia outros ca ­ minhos para o Super 8, além de cons ­ tituir um simples hobby. Por isso, estudou e procurou se aperfeiçoar. Para Sabino existem dois tipos de realizadores de Super 8: os profis ­ sionais e os amadores. Mas, dentro desses últimos, ainda indica uma subcategoria, que ele chama de ama ­ dores domésticos. Os amadores não- domésticos seriam aqueles que pro ­ curam no Super 8 uma possibilidade de expressão artística. É o caso de Sabino. Sabino sempre participa de Fes ­ tivais de Super 8, porque acredita que eles são um grande incentivo pa ­ ra os realizadores. Além disso, o Fes ­ tival é um estímulo para a melhoria dos filmes, tanto do ponto de vista técnico quanto do conteúdo. Sabino acha que o Super 8 ainda descobrirá novos caminhos que não pode mais ser encarado como um hobby caro. Por isso, ele encara a existência do “ Grupão" e da “ ARES- 8 ” , como uma grande evolução do Super 8 aqui em São Paulo. Isay Weinfeld e Mar c io Kogan: os dois são arquitetos, juntos produzem seus filmes em Super 8, juntos fa ­ zem auto-entrevistas. Aqui, algumas das respostas de perguntas que eles fizeram a si próprios: — Para início de conversa, nós não temos o mínimo interesse em Super 8; e ser um realizador em Super 8 significa fazer Super 8 (IW) ; Gosta ­ ríamos de fazer uma pornochancha ­ da; Tudo é questão de talento; O mo ­ mento mais alto de nossa vida em Super 8, foi quando filmamos a cena inicial do filme “ A BELA ADORME ­ CIDA ” , do 12.° andar de um prédio da Avenida São João. E daqui para frente pretendemos largar o Super 8 e nos dedicarmos única e exclusiva ­ mente à arte de dar entrevistas. Flavio: em oito minutos, 2.500 desenhos Sabino: o Super 8 não é apenas um hobby caro. Iniciado no ano passado, o Grupão é, segundo Antonio Sabino, uma associa ­ ção informai e democrática que se pro ­ põe a discutir os caminhos do Super 8. Embora seja constituído basicamente por ex-alunos do GRIFE, qualquer pes ­ soa que goste de Super 8 pode participar das reuniões do Grupão. A maior proposição do Grupão é a realização coletiva de filmes. É um tra ­ balho de grupo com roteiristas, atores, iluminadores, duas ou três câmaras. O filme é feito a partir da idéia de um au ­ tor (que também dirige o filme), mas depois de acabado passa a ser de “ au ­ toria" do Grupão. Dessa maneira, o Gru ­ pão já realizou uns quinze filmes e parti ­ cipou de vários concursos. Atualmente, o Grupão recebe apenas o apoio do GRIFE, local onde são feitas suas reu ­ niões. Sabino gostaria de poder contar com a ajuda de outras escolas de Cine­ ma Super 8. A Associação Paulista dos Realizado ­ res de Cinema Super 8 (ARES-8) difere do GRUPÃO, especialmente no que diz respeito à sua estrutura, bem mais for ­ mal. Seu objetivo, segundo Sabino (que é um de seus diretores) é desenvol ­ ver o Super 8 e conscientizá-lo como um movimento sério. Uma das idéias da ARES-8 é levar o Super 8 para as ruas, promovendo ses ­ sões semanais em praças públicas, fá ­ bricas e escolas. O que importa é que as pessoas vejam o Super 8. que ele se torne mais popular. A ARES-8 não pensa apenas na figura do cineasta. Sendo uma de suas finali ­ dades preparar o Super 8 para o profis ­ sionalismo, ela está aberta para rece ­ ber como sócios atores, iluminadores, técnicos, para que seja possível montar equipes completas de Super 8. Além de participar do festival de Su ­ per 8 realizado em julho, em Brasília, a ARES-8 pretende se ligar com todos os movimentos de Super 8 existentes. Com esse fim, já está oferecendo um troféu para o festival do GRIFE realizado este ano. A ARES-8 fica na Alameda Franca, 571 (tel.: 288-4320 — CEP 01422 — SP)

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