Revista Fotoptica Nº 85 - 1978 Biblioteca de Fotografia do IMS - Coleção Thomaz Farkas

REGINA VATER Regina Vater não se considera fotógra ­ fa: "Sou uma artista". Tanto que a maior parte de seus trabalhos foram feitos com uma Asahi Pentax sp II, com objetiva nor ­ mal. Nenhuma lente especial, nenhum fil ­ me especial (aliás, ela só usa slides), na ­ da de grandes artimanhas tecnológicas. Talvez o seu maior recurso seja o enqua ­ dramento. Ela começou pelo desenho. Fez gravu ­ ras, óleos. Viajou o mundo e expôs seus trabalhos em vários lugares. Mas não é só isso. Já fez cinema. E faz poesia. To ­ das essas manifestações são meios (ou, como prefere Regina “ intermídias ” ) que ela utiliza para se relacionar com a vida, depoimentos artísticos de sua experiência sensível. Neste trabalho, denominado “ X-Range" (termo criado por Regina com a associa ­ ção de duas expressões da língua inglesa, “ X-Ray" + “ Range of action", e que po ­ deria ser traduzido livremente como “ Raio X do espaço de ação ” ), iniciado em 1975, em Nova York, ela procura “ a presença na ausência", ou seja, tenta captar poetica ­ mente, como se realmente utilizasse um aparelho de Raio X, a forma pela qual os indivíduos organizam e vivenciam seus es ­ paços domésticos. O que importa a Regi ­ na é a poesia cotidiana que o homem im ­ prime à sua volta, através de seus gestos, revelando a sua maneira de ser e de viver. Assim, as casas e seus objetos consti ­ tuiríam gravuras da existência humana: “ pois é nesta casa/ninho que ele (homem) vive a miniatura do cosmos e esparrama seu ego". Nessa pesquisa, Regina docu ­ mentou aproximadamente 50 casas dos mais variados níveis sócio-culturais. 20

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